O EXEMPLO DE JESUS

                                                 (Filipenses capítulo 2)

 

           

                   Paulo na prisão escrevia para agradecer e animar os cristãos filipenses. Eles estavam a passar por provas e tinham os seus próprios problemas. Como em muitas igrejas nos tempos actuais, eles tinham alguns desacordos e egoísmos. Paulo indica-lhes como resolver e melhorar as suas relações entre eles e dá-lhes três exemplos que eles podem imitar.

                   Começa por recordar-lhes as bençãos que lhes foram dadas em Cristo: “Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afectos e compaixões,(Paulo assume que eles têm desfrutado de tudo isto) completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, e sentindo uma mesma coisa, unidos em alma e pensamento”(Fil.2:1-2).

                    Paulo não lhes está a pedir que pensem todos igualmente. Ele quer que eles tenham a mesma classe de amor de Cristo, sendo como Ele em atitudes e metas. Esta é a única forma em que podem estar unidos uns aos outros. Quando os filipenses puserem isto em prática, a alegria de Paulo será completa, porque o evangelho terá produzido o seu fruto.

                    O principal é não fazer “nada por egoísmo ou vaidade”(v.3). Não sejam motivados pelo egoísmo ou orgulho, porque isso destrói a unidade e é a essência do pecado. Melhor é que considerem os outros superiores a vocês próprios.

                     Paulo não disse que os outros são superiores, mas sim que devemos considerá-los superiores. É evidente que nem todos podem ser superiores, mas a unidade cristã deve construir-se considerando os outros superiores antes que a si mesmo.

                   “Que ninguém procure apenas o seu interesse, mas também o dos outros”(v.4). Podemos velar pelos nossos interesses, todavia devemos também ter em conta os dos outros. Este é o modo de ser de Cristo. Ele, como superior de todos os humanos não se colocou a si primeiro, mas sim às necessidades dos outros.

                   “Tenham os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que por natureza era Deus, não quis agarrar-se a esse direito de ser igual a Deus. Pelo contrário, privou-se do que era seu e tomou a condição de servo, tornando-se igual aos homens”(v.5-7).

                     Os eruditos chamam a esta passagem “O hino filipense”, porque o seu estilo e ritmo levam alguns a pensar que Paulo está a usar palavras que os cristãos já cantavam, palavras de louvor a Cristo Jesus.

                      Paulo usa estas palavras para recordar aos seus leitores o exemplo que devem seguir: alguém que foi divino e que tinha a mais alta honra, mas que não se sujeitou aos seus direitos e privilégios. A nova edição da NIV (em inglês), coloca-o desta forma: “não considerou o facto de ser igual a Deus como algo para sua própria vantagem”. Apesar dos filipenses terem importantes direitos como cidadãos de uma colónia Romana, deviam focar-se nos outros e não em si mesmos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                      Jesus pôs os seus direitos voluntariamente de parte, e com humildade converteu-se num humano, servindo as nossas necessidades. “E ao humilhar-se como homem, humilhou-se a si mesmo, obedecendo até à morte, e morte na cruz ! (v.8). A sua humildade e o seu desejo de servir era completo. Ele suportou a forma de morte mais dolorosa e mais vergonhosa, só pelas nossas necessidades. E o resultado ? Deus ressuscitou-o e “elevou Jesus acima de tudo e lhe deu o nome que é o mais importante de todos; para que em Sua honra se ponham em adoração todas as criaturas: no céu, na terra e debaixo da terra; e para que todos proclamem, para glória de Deus Pai: JESUS CRISTO É O SENHOR !” (v.9-11).

                       Qual é o nome que está acima de todo o nome ? O nome de Deus. Em Isaías 45:23, Deus disse: “Juro por mim mesmo e o que digo é verdadeiro, pois a minha palavra não muda ! Toda a gente, de joelhos, me fará um juramento de fidelidade e dirão: “Só no Senhor se encontra a lealdade e a força, e todos os que se tinham levantado contra o Senhor, virão ter com Ele cheios de vergonha”. Paulo está a dizer que a Jesus foram dadas as mesmas honras que a Deus. Quando nos ajoelhamos diante de Jesus, Deus recebe a glória.

                        Jesus está no lugar mais alto, merecedor de adoração e merecedor do nome “Senhor”, porque foi humilde e agora é exaltado.

                        Como devíamos responder à humildade e serviço de Jesus ? Paulo pede acção: “Portanto, meus irmãos, vocês que me obedeceram sempre quando eu aí estava, obedeçam-me ainda mais agora que estou ausente. Trabalhem pela vossa salvação com humildade e temor”(v.12). Os filipenses foram uma igreja responsável, ansiosa por fazer o que fosse bom. Paulo pediu-lhes para darem mais um passo, juntando a humildade de Cristo às suas relações pessoais.

                        Eles não devem trabalhar para obterem a salvação (a salvação é um prémio que eles já a têm como garantida), mas sim imitar o seu Salvador. Devem compreender que não estão sós: “pois Deus está sempre a ajudar, fazendo com que desejem e realizem o que é da sua vontade”(v.13). Nós não podemos fazer a nós próprios o que Deus pode. Mas Ele fá-lo mudando os nossos desejos e as nossas acções. Ele não nos obriga, mas torna-nos aptos. Trabalhamos e confiamos que Ele fará a Sua parte e damos-lhe graças.

                        “Façam tudo sem queixas nem discussões e assim mostrem que são pessoas rectas e dignas, filhos e filhas de Deus sem mancha no meio de gente má e perversa. Devem brilhar no meio dessa gente como estrelas no céu, levando-lhes a mensagem da vida. Desse modo, no dia da vinda de Cristo eu poderei sentir-me satisfeito por vós, sabendo que não me esforcei nem trabalhei em vão”(v.14-16). Por outras palavras, quando compartilharem o evangelho, procurem comportar-se de maneira digna da Boa Nova de Cristo. Sejam pacíficos e serão vistos como pontos de luz.

                         Paulo eleva o significado do que eles estão a fazer, porque ele está a fazer um sacrifício por Deus, e eles também. As suas vidas são dadas como uma oferenda a Deus. “Ainda que a minha vida tenha de ser oferecida como vítima de sacrifício, para juntar à vossa oferta de fé a Deus, eu sinto prazer nisso e compartilho essa alegria com todos vós”(v.17). Apesar de estar na prisão, alegro-me pela forma como vós servis o Senhor. “Da mesma maneira, sintam igual prazer e tomem parte na minha alegria”(v.18).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                        “Espero no Senhor enviar-vos brevemente Timóteo, para também eu ficar cheio de ânimo quando tiver notícias vossas”(v.19). Paulo espera enviar-lhes um amigo, que (se lermos nas entrelinhas) lhe transmitirá se os filipenses puseram em prática as suas exortações.

                          Sem o dizer directamente, Paulo escreve que Timóteo é um bom exemplo, pois já faz o que Paulo está exortando. “Não tenho nenhum outro tão unido a mim e que se preocupe tanto convosco. Todos os outros se preocupam apenas com os seus interesses e não com os de Jesus Cristo”(v.20-21). Timóteo não actua por ambição egoísta, mas com humildade procura os interesses dos outros, de Jesus e do evangelho. “Mas, quanto a Timóteo, vocês bem sabem como deu provas da sua virtude e como trabalhou comigo ao serviço da Boa Nova, como se fosse um filho com o pai. Espero enviá-lo, logo que saiba como vai terminar a minha situação. Confio no Senhor que também eu irei ver-vos brevemente”(v.22-24).

                           Paulo, porém não espera, e envia a sua carta com alguém mais: “Julguei que também era conveniente mandar-vos Epafrodito, irmão e companheiro de trabalho e de lutas, que vocês enviaram para me ajudar nas minhas necessidades”(v.25). Epafrodito, aparentemente era um dos líderes em Filipos, que tinha vindo visitar Paulo na prisão. Agora Paulo envia-o de regresso com recomendações especiais:

                         “Ele tem tido muitas saudades de todos e tem andado preocupado por vocês terem sabido que ele estava doente”(v.26). Por outras palavras, ele não está preocupado por estar doente, mas porque não quer que vocês se preocupem com ele.

                         “É verdade que esteve doente, mesmo quase a morrer, mas Deus compadeceu-se dele e não só dele, mas também de mim, para que eu não tivesse mais aflições do que as que já tenho. E por isso, vou mandá-lo o mais depressa possível, para que sintam a alegria de o verem novamente e para que eu fique menos preocupado”(v.27-28). Eu também me preocupo convosco.

                         “Recebam-no pois com toda a alegria como um irmão no Senhor e estimem os que são como ele”(v.29). Epafrodito correu riscos de vida: “Esteve quase a morrer ao serviço de Cristo, arriscando a sua própria vida para me prestar os auxílios que vocês não me podiam dar”(v.30). Tenham vontade de servir, disse Paulo, e serão grandes. Humilhem-se por Ele e Ele vos exaltará com Cristo !

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Original: Michael Morrison, 2002-04 “El Ejemplo de Jesús”

Tradução: Manuel Morais, 2007-05